sexta-feira, 12 de novembro de 2010

CORISCO, O BRAÇO DIREITO DE LAMPIÃO

Lampião, o Virgulino
Tinha num certo Cristino
Seu cabra, o braço direito
De Corisco estou falando
Importante para o bando
Desse afamado sujeito

No serviço militar
Não ficou, por desertar
E tomou a decisão
De ingressar no tal cangaço
Por isso, em seguinte passo
Aliou-se ao Capitão

Uma atlética pessoa
Tinha uma aparência boa
Homem forte como um touro
Seu cabelo era comprido
Ganhou logo um apelido
Chamaram de Diabo Louro

À sua própria maneira
Sequestrou a companheira
De treze anos, coitada
Sérgia Ribeiro, a Dadá
Achara a ideia má
Mas depois foi sua amada

Aquela tenra menina
A ler e escrever ensina
E armas usar também
Era combatente rara
Sete filhos com o cara
A bela garota tem

De coragem elevada
Dadá era respeitada
Por tudo qu'é cangaceiro
De Corisco a companhia
Até ser chegado o dia
Da morte de seu parceiro

O bando de Lampião
Sofreu uma divisão
Em vários grupos menores
Corisco foi comandante
Daquele mais importante
O melhor entre os melhores

Seu prestígio era evidente
Num caso foi influente
Fama enorme ele fez
Com seu rapaz, Gitirana
Cristina o amásio engana
Este era o Português

Liderança, então, traída
Português, alma ferida
Catingueira contratou
Planejava a matança
Tinha sede de vingança
Contra quem lhe corneou

Chega no acampamento
Pr'atingir o seu intento
Catingueira quis matar
Gitirana chama ao canto
Dizendo querer, portanto
Conversa particular

Por acaso lá estavam
Tudo aquilo observavam
Lampião e sua Maria
Esta diz: merece a sina
Gitirana, não! Cristina
A morte mereceria

O Corisco se meteu:
Era dela o que ela deu
Com isso ninguém tem nada
Maria Bonita insiste:
Português, figura triste,
Será desmoralizada

Para por fim á querela
Diz Corisco: cuide dela
Certamente o seu marido
Cada qual sua parte faz
Eu cuido do meu rapaz
Está estabelecido

O ato foi respaldado
Concordou c'o comandado
Lampião, o grande fera
Mas Cristina perde a vida
Após meses escondida
Traição não se tolera

Corisco seguiu lutando
O seu bando liderando
Por vezes, uns meliantes
Ataques em vários pontos
Muitos tiros e confrontos
Contra civis e volantes

Um golpe por demais duro
Determinava o futuro
Do cangaço nacional
Em Angicos emboscados
Onze mortos, massacrados
Inclusive o maioral

Com Maria do seu lado
Lampião foi degolado
Por forças policiais
A volante não dá chance
Para que a turma avance
A ofensiva foi demais

Corisco dali distante
Sabendo, foi num instante
Do líder vingar a morte
Erra o alvo, todavia
A família mataria
De inocente, que má sorte!

Num combate atingido
Gravemente foi ferido
Mão direita é afetada
Atrofia o esquerdo braço
Então, Dadá no cangaço
De fuzil se vê armada

Era o ano de quarenta
Se desfez da vestimenta
Seu bando quase dissolve
Procurava outra vertente
Levar vida diferente
O Diabo Louro resolve

Certa feita foi cercado
Por volante metralhado
Estava deficiente
Dez horas só resistiu
Tombou morto, sucumbiu
Dadá foi sobrevivente

A famosa cangaceira
Da história brasileira
Em noventa e quatro morre
Vai pra outra dimensão
Finda aqui a narração
Qu'espero não ser um "porre"

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