sábado, 13 de novembro de 2010

IARA, A SEREIA DOS RIOS

Reza a lenda que Iara
Por sua beleza rara
Era estrela na ocara *
Uma índia encantadora
Por isso, recebedora
Dos elogios paternos
Mas ante os olhos fraternos
Da inveja atiçadora

Seus irmãos não suportavam
Aquilo que observavam
Sua morte planejavam
Até ser chegado o dia
À noite, quando dormia
Tentaram cumprir o plano
Mas aquilo foi insano
Iara mui bem ouvia

Aguçada a audição
Essa movimentação
Percebeu, e a reação
Depois de escutar as vozes
Foi matar os seus algozes
Fazendo isso fugiu
Pegá-la o pai conseguiu
Punições eram ferozes

No encontro de rio famoso
Solimões, tão caudaloso
C'o Negro bem grandioso
Pelo pai pajé jogada
À tona depois levada
A garota da aldeia
Numa formosa sereia
Foi por peixes transformada

A figura estonteante

Cabelo longo, brilhante
Melodia cativante
Ela canta, irresistível
No fascínio indescritível
Os homens sempre deliram
E dentro do rio se atiram
Seduz de maneira incrível

Eis a história resumida
Da Mãe d'Água conhecida
Pelos índios tão temida
Por causa de seu poder
Se chega o entardecer
Não passam perto de rios
Porque sentem calafrios
Têm medo de se envolver


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* Ocara: terreiro de aldeia

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