terça-feira, 16 de novembro de 2010

UMA VIAGEM ABSURDA

Viajei pro Pantanal
Em cima de uma rena
No caminho Lampião
Olha pra mim e acena
Vi Hitler numa porteira
Tão magro que me deu pena

Numa casinha pequena
Eu passei a noite fria
Encontrei por lá três homens
Seguindo a estrela guia
Cada um dos coronéis
O seu presente trazia

Parti quando se fez dia
Enfrentei foi grande chuva
Minha rena pegou gripe
Eu pus nela uma luva
Esgotado me deitei
Debaixo dum pé de uva

Uma formiga saúva
Mordeu bem nas minhas partes
Quem cuidou do ferimento
Foi o Pedro Malazartes
Vinha ele com a tropa
Cavalos e estandartes

Eu comprei dois bacamartes
Porque vi Napoleão
Com seus soldados marchando
No meio do cerradão
Dei três tiros para cima
Foi aquela claridão

Houve logo dispersão
Fugiram em disparada
Até duas cobras cegas
Saíram em revoada
A mulher dum fazendeiro
Correu nua, espantada

A rena morreu, cansada
Eu aluguei um jumento
Tinha sido de Dom Pedro
Era velho e fedorento
Prossegui no meu caminho
E saí cortando vento

Conseguindo meu intento
Cheguei na beira dum rio
Vi urso, pinguim, camelo
E foca, leão, bugio
Vejam só como é que é
Lá não tinha jacaré
Tuiuiú nem sucuri
Eu fiquei muito invocado
O mapa tava trocado
Não soube onde era ali



* Mais uma homenagem a Zé Limeira

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